Por: Dr. Rodolpho Alves dos Reis - Cirurgião vascular - CRM/DF 13.263
Publicado em 17/06/2016 - Atualizado 31/01/2019
Uma cirurgia, qualquer uma que seja, envolve muitos cuidados. E não é só o cirurgião vascular que precisa estar atento a eles. Na verdade, o médico é uma etapa do processo, que começa quando você percebe que tem algo errado com a sua saúde e escolhe um médico para ajudar a encontrar a causa e a solução do problema.
É muito comum essa ajuda médica ser buscada quando algum sintoma surgiu e se tornou um incômodo. Antes disso, dificilmente há a preocupação em agendar uma consulta com um cirurgião vascular, por exemplo, para saber como prevenir as varizes. O especialista é procurado, na maior parte das vezes, quando há sensação de cansaço nas pernas, é observado um certo inchaço e a existência de veias dilatadas nas pernas.
Ainda assim, há relutância em ir ao médico logo que qualquer um dos sinais é percebido. O comportamento usual é esperar para ver se passa. Essa espera pode variar muito: uma ou duas semanas, um mês ou dois, meio ano ou 12 meses. As pessoas têm o hábito de protelar o próprio cuidado com a saúde, mesmo sendo as que cobram do marido ou dos filhos que marquem aquela consulta que estão adiando há muito tempo. É o típico “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Deixar a ida ao consultório do médico para mais tarde, seja qual for o caso, nunca é uma decisão sábia. Muitas doenças podem evoluir no decorrer do tempo e tornarem-se graves. Inclusive as varizes. Diversas complicações podem aparecer em função da falta de tratamento. Sem contar que a busca de assistência médica tardia reduz a chance de evitar ou prevenir o problema que esteja comprometendo o bom funcionamento do corpo.
É necessário que as pessoas estejam conscientes de que a prevenção é a forma mais eficaz de se cuidar da saúde. Além disso, saber que o momento certo de ter o auxílio de um profissional de medicina é aquele que antecede o aparecimento de qualquer sintoma também é fundamental.
Uma desculpa para a falta de atenção à saúde, é o desconhecimento sobre um bom médico para cuidar do caso. Existem algumas formas de se iniciar a busca por um cirurgião vascular. Para encontrar um médico quando precisam, normalmente as pessoas:
Diz-se que o boca a boca é a alma do negócio. Assim, quando é uma indicação, há uma tendência em confiar mais no profissional. E esse não deixa de ser um bom recurso para escolher um cirurgião vascular. Só não pode ser o único.
Não são poucos os casos em que uma pessoa pede à outra uma indicação de especialista. E a consulta é agendada sem nem um outro critério ser observado. O fim de uma história assim só pode ser feliz ou insatisfatório. Não há outra opção. Ou a pessoa concorda que a recomendação foi realmente boa e sai da consulta totalmente satisfeita, ou ela sofre alguma desilusão com o profissional.
É para evitar o segundo cenário que é preciso mais do que uma indicação, mesmo que proveniente de alguém de confiança, para o agendamento da consulta ser realizado. Existem outras questões que precisam ser analisadas com cuidado para que o final seja feliz. A seguir, é possível entender melhor o que é necessário ponderar no momento de escolher um médico para cuidar da saúde.
Antes de agendar a consulta com o médico recomendado ou localizado por acaso na internet, é importante verificar se ele é Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Essa informação geralmente consta no currículo do médico. Também pode ser facilmente localizada no site da entidade.
Ser atendido por um cirurgião vascular membro da SBACV é uma segurança para o paciente. Significa que o profissional passou por um rigoroso treinamento em cirurgia vascular, teve acesso à formação certificada e rigorosa e está habilitado para realizar todo tipo de cirurgia vascular.
Os procedimentos cirúrgicos realizados para tratar as varizes são uma parte dos que têm maior volume de procura em uma clínica vascular:
A cirurgia de varizes convencional remove as veias safenas comprometidas pela dilatação dos vasos. São necessários dois pequenos cortes, um na região da virilha e outro na parte interna do joelho, para que o médico possa acessar a safena e retirá-la do organismo.
É desnecessário extrair a veia se o tratamento for feito por endolaser. O fato de ocorrer a obliteração da veia pela energia do laser faz com que a veia possa permanecer no organismo, mesmo sem funcionar.
Pacientes que tratam as varizes com endolaser, dificilmente, precisam permanecer por um tempo prolongado no hospital. Mas não são todos que podem se submeter ao procedimento. É por essa razão que, antes de mais nada, uma pessoa precisa do apoio de um cirurgião vascular. Somente ele é capaz de prescrever a conduta mais adequada para cada caso.
A microcirurgia de varizes é o tratamento mais indicado para as telangiectasias, um tipo de variz que mais parece uma teia de aranha sob a pele.
Em pouco tempo o, o cirurgião vascular elimina as veias dilatadas que não permitem ao sangue fluir corretamente durante o retorno para o coração. As veias são retiradas a partir de pequenos cortes. As incisões são tão pequenas que nem necessitam de pontos. As cicatrizes que se formam após a recuperação da pele são discretas ao ponto de serem quase imperceptíveis.
No mesmo dia em que realiza a microcirurgia, a paciente já pode voltar para casa. Não é necessário mais que um dia de repouso. Em 48 horas, a rotina está normalizada. Só é preciso cuidar, por algum tempo, ainda, para não exercitar-se ou expor-se ao sol, principalmente se a pele estiver com marcas roxas.
Um cuidado semelhante deve ser adotado por pacientes que não realizam cirurgia, mas optam por outros tipos de tratamento para as varizes:
Uma substância, resfriada a 40 graus negativos, é aplicada diretamente dentro da veia dilatada, na crioescleroterapia. O fato de a substância estar gelada ameniza a sensação de dor desencadeada pela sua injeção. O frio funciona como um analgésico, nesse caso.
A escleroterapia de telangiectasias é outro tratamento para aquelas veias com aparência de teia de aranha que, geralmente, aparecem nas pernas. Ele é feito a partir da injeção de um líquido esclerosante no interior do vaso. O cirurgião vascular utiliza microagulhas para realizar a aplicação.
O tratamento é feito em sessões para que não seja introduzido no organismo uma grande quantidade da substância de uma só vez.
Esse procedimento trata as varizes de calibre mais grosso e é uma alternativa à cirurgia convencional. O medicamento injetado na veia a ser tratada, identificada por meio do ultrassom, forma uma espuma que ocupa o espaço do sangue acumulado no vaso e inutiliza a veia.
A substância é aplicada em um número determinado de sessões, cada vez em uma quantidade de veias pré-estabelecida, para que o organismo se adapte ao medicamento e as reações do corpo ao agente possam ser controladas eficientemente.
O laser transdérmico é uma espécie de feixe de luz que atravessa a pele e aquece o sangue acumulado na veia, contrai o vaso e o inutiliza para a circulação sanguínea. As telangiectasias e as varizes de menor calibre são os tipos de varizes nos quais o método é mais empregado.
O cuidado, na realização desses tratamentos, é o que determina a qualidade do resultado final. O cirurgião vascular escolhido para realizá-los deve estar qualificado. A seguir, há algumas dicas de como se certificar de que o médico é, de fato, capacitado para executá-los.
Sempre veja a formação de quem cuidará da sua saúde. O profissional habilitado para o tratamento de doenças vasculares periféricas, dentre elas as varizes, são os angiologistas e cirurgiões vasculares.
Um profissional só é considerado um especialista em angiologia e/ou em cirurgia vascular depois de concluir a faculdade de medicina e permanecer um determinado período na residência médica para formar-se como angiologista e/ou cirurgião. Em muitos hospitais, os programas de especialização preparam os médicos para tornarem-se angiologistas e cirurgiões vasculares. São poucos os que separam a formação em angiologia da formação em cirurgia vascular.
De qualquer forma, o título de especialista, efetivamente, só é concedido ao médico, mesmo após a conclusão da especialização, depois que o profissional realizar o concurso para obter o título de especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Sem essa titulação, para fins legais, um médico não pode se apresentar como um profissional que atua nessa área específica da medicina, ainda que possua o registro médico.
Esse é outro ponto importante a ser observado ao escolher um cirurgião vascular. Todo médico, sem exceção, deve ter o registro do Conselho Regional de Medicina (CRM) do Estado da Federação em que atua e do Conselho Federal de Medicina (CFM). Ou seja, caso o cirurgião vascular atenda em Brasília (DF), deve possuir o registro profissional do CRM/DF. Já para verificar o registro do profissional no CFM, basta acessar a busca por médico, disponível na página do Conselho, na internet.
O paciente não pode ter dúvidas quanto ao cirurgião vascular escolhido para assisti-lo. Deve conhecê-lo para estabelecer uma relação de confiança com o profissional que cuidará da sua saúde. É para isso que serve a consulta: criar empatia com o médico. O bom relacionamento é crucial para o sucesso do tratamento.
Para que um entenda a necessidade do outro é preciso dialogar. Não há mal nenhum em o paciente questionar o médico sobre todas as dúvidas que possui. Algumas das mais comuns, e que podem ajudar a fortalecer a confiança, são:
O profissional existe para orientar sobre o diagnóstico e possibilidades de tratamento. A conversa é um termômetro que pode ser usado para medir a disposição do médico em conceder todas as informações que são pertinentes aos olhos do paciente e uma ferramenta de observação que contribui para a decisão referente à confirmação da escolha do profissional.
Saber onde e como são feitos os procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos também é fundamental. Alguns tratamentos requerem a realização de cirurgia e isso exige instalações hospitalares com estrutura e segurança adequadas ao atendimento médico de alta complexidade.
É preciso se certificar de que o local em que será feito o procedimento atende às normas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também, é importante observar se detém alvará vigente para o funcionamento. Isso é determinante para obter a certeza de que o médico preocupa-se com as regras de segurança estabelecidas para o bem-estar das pessoas que atende.
O médico também pode querer conhecer o paciente que está atendendo pela primeira vez e questionar:
O resultado satisfatório de um tratamento de saúde está diretamente relacionado à habilitação e qualificação do cirurgião vascular, mas, também, é responsabilidade do paciente, exceto no caso de haver falta de opção, escolher o profissional que acredita que lhe prestará a melhor assistência.
Muitas pessoas concluem seus tratamentos e apresentam complicações porque não se asseguram de que estão recebendo o melhor atendimento médico. Em muitos casos, as consequências exigem um longo período de atenção e cuidado, que poderia ter sido evitado, a partir do levantamento das informações relacionadas como importantes para ter segurança acerca da escolha realizada. Por isso, ter cautela nunca é demais.
Material escrito por: Dr. Rodolpho Alves dos Reis
Cirurgião vascular - CRM/DF 13.263
Formado em medicina pela Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, é especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular periférica, atua no atendimento de pacientes com patologias vasculares diversas. Dedica-se ao tratamento de varizes com laser, aplicações de espuma ecoguiada e ecografia vascular.
Diretor Técnico Médico:
Dr. Marco Edoardo Bezerra de Melo CRM/DF: 10.711