Por: Dra. Maria Betânia da Silva Barbosa Marinho Publicado em 07/03/2016 - Atualizado 31/01/2019
As varizes são um incômodo, não é mesmo? Não só porque deixam as pernas feias pelo aspecto tortuoso e dilatado que muitas têm, mas principalmente pelo desconforto que provocam. Quem tem varizes sabe o que é ter dor nas pernas, inchaço e sensação de peso, cansaço. Ao menos 20% a 25% das mulheres adultas e 10% a 15% dos homens convivem com esses sintomas.
É difícil uma pessoa que detenha algum dos fatores de risco não desenvolver o problema, comum em mulheres devido a fatores hormonais, uso de anticoncepcionais ou reposição hormonal após a menopausa, que parecem favorecer a dilatação das veias. Pessoas cujo pai ou mãe tiveram de se preocupar em resolver as varizes também estão propensas a sofrer do mesmo mal, assim como pessoas obesas ou que passam muito tempo em pé ou sentadas, sem se movimentar.
Tudo isso facilita o surgimento das varizes, com maior frequência nas pernas e pés. O motivo pelo qual elas aparecem são alterações na parede das veias e suas válvulas. Cada veia possui uma válvula que impede o fluxo de sangue de retornar para os membros inferiores, invés de seguir para o coração. Quando estas válvulas não funcionam bem, o sangue se acumula na veia, causando sua dilatação e o aspecto grosso e tortuoso.
Os médicos especialistas em cirurgia vascular classificam as varizes do grau 1 ao grau 6. As de grau 1 são aquelas que parecem formar uma teia de aranha na pele, não causam desconforto e estão mais relacionadas a questão estética. Já as varizes extremamente dilatadas e tortuosos, que geram os desconfortos relatados anteriormente, são as mais preocupantes e precisam ser tratadas o quanto antes para evitar complicações.
Geralmente as varizes maiores, que possuem de três a cinco milímetros, ou mais, são as que têm maior indicação para serem tratadas com cirurgia. Entre as técnicas existentes para abolir o refluxo, retirar ou “secar” a veia varicosa, o médico pode optar pelo método convencional ou pelo laser. Em qualquer um dos procedimentos o paciente poderá perceber melhora tanto na aparência quanto na qualidade de vida.
Para livrar o detentor de varizes do desconforto, dores, sensação de cansaço e possíveis agravos, na cirurgia de varizes convencional o cirurgião vascular pode apenas retirar as veias dilatadas das coxas e pernas dos pacientes ou, no caso de a safena estar comprometida, retirá-la também. Quando a opção é remover a safena, faz uma incisão na pele, na região da virilha, e outro pequeno corte na parte interna do joelho ou na parte interna anterior do tornozelo. Nesses pontos, identifica a veia safena e a isola para, depois, criar uma pequena passagem para introduzir nela um um fino cabo de aço que auxilia na retirada da mesma. Quando apenas as veias varicosas precisam ser tratadas, o médico realiza microincisões na pele, da espessura de uma agulha, e utiliza um dispositivo parecido com uma agulha de Crochet para extraí-las.
Com o uso do laser (laser endovenoso) a remoção da veia é desnecessária porque a energia do laser se encarrega de eliminar a veia doente. A única coisa que o médico precisa fazer é uma punção com uma agulha ou uma única incisão na pele para colocar uma fibra ótica direto na veia, tudo acompanhado pelo ultrassom, que guia a ação durante toda a cirurgia. A fibra conduz os pulsos de energia do laser ao longo da veia, provoca uma lesão térmica em seu interior e, com isso, evita que o sangue volte a circular nela.
As varizes também podem ser tratadas a nível ambulatorial, com o advento do laser transdérmico. Veias varicosas, com diâmetro menores de três milímetros, podem ser tratadas dessa forma, sem incisões, sem que haja necessidade de anestesia, na maioria dos casos, e com retorno imediato às atividades diárias.
O procedimento consiste em identificar as varizes com um aparelho de realidade aumentada (o qual mostra as veias até um centímetro abaixo da pele) e expô-las ao laser através da pele, provocando seu fechamento pela lesão térmica. Este procedimento é complementado com a aplicação de esclerosante no interior das veias ainda não fechadas, aumentando o efeito terapêutico.
Os tratamentos disponíveis para varizes são formas efetivas e seguras de resolver o problema. Cada um possui uma indicação própria, portanto, somente uma avaliação médica pode dizer se há necessidade para se submeter a uma cirurgia. Às vezes, qualquer outro procedimento minimamente invasivo já é capaz de solucionar o incômodo.