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Por: Publicado em 18/10/2016 - Atualizado 31/01/2019

Trombose venosa: exercícios colaboram com tratamento

Trombose venosa: exercícios colaboram com tratamento

A trombose venosa é uma doença que acomete muitas pessoas. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), estima-se que cerca de 180.000 novos casos de trombose venosa surgem no Brasil a cada ano. Nos EUA, por exemplo, é a terceira doença vascular mais comum entre a população, ficando atrás, somente, do infarto e do acidente vascular cerebral (AVC).

Graças às nossas pernas, o corpo detém sustentação. São elas que se esforçam o suficiente para que isso aconteça. No entanto, por uma série de questões, é possível que a circulação do sangue seja afetada, acarretando o desenvolvimento de trombos, ou seja, coágulos que podem provocar uma trombose venosa.

Embora seja mais comum nos membros inferiores, qualquer veia do organismo pode ser acometida pela trombose. Vejamos como a trombose pode afetar a nossa vida, quais as principais maneiras de desenvolvê-la, os maiores fatores de risco, seus sintomas aparentes e descobrir se há alguma maneira de preveni-la. Será que é possível reparar os danos causados pela trombose venosa?

Causas da trombose venosa

Na grande maioria das vezes, a trombose venosa é causada pela má circulação do sangue. O uso de anticoncepcional, excesso de peso, envelhecimento e passar muito tempo em pé agrava a má circulação sanguínea, que também pode ser hereditária.

A má circulação do sangue pode ser observada por inchaços nos membros inferiores, dor nas pernas e pés, pele seca e escamosa, sensação de formigamento nas pernas e varizes. A condição pode gerar o desenvolvimento de um coágulo, que chamamos de trombo.

O trombo se forma nos vasos que conduzem o sangue até o coração. Ocorre em decorrência de uma agregação de plaquetas no local afetado. Também pode surgir em razão das alterações do fluxo sanguíneo, quando a velocidade está lenta. As neoplasias, também podem formar trombos, pelo aumento da produção de trombina e agregação de plaquetas. A destruição de hemácias também pode levar à formação de coágulos, quando aumenta-se a liberação de fosfolipídeos, acelerando a coagulação do sangue e a produção de trombina.

Outra questão que favorece o surgimento da trombose é um aumento progressivo das plaquetas. Essa é uma condição muito comum, após cirurgias, durante e após o parto e em doenças como a policitemia vera, caracterizada pela produção acentuada de eritrócitos, leucócitos e plaquetas. É frequente, também, que o surgimento da trombose se dê por alterações da parede vascular do fluxo sanguíneo ou dos constituintes do sangue. Existem muitos casos de trombose venosa que são diagnosticados em períodos pós-operatórios.

Fatores de risco

Os idosos, em especial as mulheres, estão mais propensas a ter trombose venosa profunda. Alguns fatores podem contribuir para que elas desenvolvam a condição:

  • a idade (acima de 40 anos);
  • sobrepeso ou obesidade;
  • varizes nas pernas;
  • gravidez e pós-parto;
  • câncer;
  • AVC;
  • uso de anticoncepcional;
  • traumas nos membros inferiores, que requeiram redução da mobilidade temporária;
  • algumas doenças crônicas (como insuficiência cardíaca ou doença pulmonar crônica e o uso de medicamentos quimioterápicos ou hormonais). O fato de ter passado por uma cirurgia plástica também aumenta os riscos.

O sedentarismo também é um fator que pode fazer com que uma pessoa propensa desenvolva a trombose ou facilite o retorno da doença. Assim, sob orientação médica, é importante realizar exercícios físicos. Caminhadas e outros exercícios leves que exija a movimentação dos pés de maneira frequente são os mais indicados para ativar a circulação do sangue.

A ausência de movimentação do corpo é extremamente prejudicial para o fluxo sanguíneo dos membros inferiores. Estes dependem da contração muscular para permitir que o fluido circule normalmente, saindo das pernas e indo em direção ao coração. Dessa forma, não há interferência à saúde do sistema nervoso.

Pessoas com histórico familiar da doença devem redobrar a atenção dedicada à saúde. É fundamental procurar o cirurgião vascular quando os primeiros sintomas começarem a se manifestar, principalmente para evitar complicações mais graves. O correto diagnóstico e o consequente tratamento evita o risco do coágulo ser conduzido pela corrente sanguínea até outras regiões do corpo, como o pulmão. Nesse caso, a trombose poderia resultar em uma embolia pulmonar, um quadro potencialmente sério, que pode levar à morte.

Sintomas da trombose venosa profunda

O principal sintoma de uma trombose venosa profunda é a dor aguda nos membros inferiores. Também pode ser sinalizada por meio da rigidez muscular da panturrilha e a dilatação de veias superficiais. Por isso, o controle da trombose venosa pode ser feito por meio de exames periódicos de sangue, observando a coagulação e controle, pelo ultrassom. É importante estar atento à saúde e aos sinais que possam parecer suspeitos.

Trombose e varizes

As varizes também podem causar inchaço e desconforto nos membros inferiores, por isso, as duas doenças podem ser facilmente confundidas. A avaliação de um especialista em angiologia e cirurgia vascular para confirmar o que está causando os sintomas é indispensável. Dessa forma, será possível diferenciar os sinais do organismo e identificar se estão relacionados à trombose ou varizes.

Basicamente, o que as diferencia é que as varizes representam veias dilatadas com função comprometida pelo retorno inadequado do sangue para o coração. Isso acaba alterando a circulação sanguínea e o consequente fluxo lento dos vasos pode acabar desencadeando a trombose. A hereditariedade de quem possui varizes, somada à genética das alterações sanguíneas, pode aumentar o risco de desenvolver a trombose. É importante lembrar que a condição ataca as veias mais importantes do organismo e seus sintomas e complicações são mais graves.

O que pode ajudar a distinguir uma doença e outra é a ocorrência do inchaço em somente uma das pernas, acompanhado da sensação de dor e peso, e de veias salientes na perna com edema. Um exame de imagem é capaz de identificar se há um coágulo dentro do vaso sanguíneo e confirmar se os sintomas significam, de fato, trombose.

Tratamento

Não existe cura para a trombose, mas é possível amenizar suas complicações e desconfortos. Na fase mais aguda, o tratamento é bastante eficaz,  feito com anticoagulantes ou outros medicamentos. Seu uso deve ser feito por um médio prazo ou, em casos mais graves, para o resto da vida. Ainda assim, qualquer paciente que já tenha tido trombose venosa, ocasionalmente, apresentará sequelas e edemas recorrentes, como o inchaço.

Anticoagulantes

No caso da trombose venosa profunda, atualmente, existem maneiras de reduzir a dor e o edema, e assim, resultar em uma consequente melhora na qualidade de vida. Isso se deve à estratégia terapêutica de mobilização precoce, junto com os anticoagulantes e a compressão da perna. Essas medidas de tratamento são importantíssimas, inclusive, para o não desenvolvimento da embolia pulmonar. Essa, por consequência, é causada por uma obstrução aguda das artérias pulmonares, por causa de um coágulo no sangue.

Os anticoagulantes alteram a coagulação do sangue, mas alguns cuidados são essenciais para lidar com esse tratamento:

  • evitar injeções intramusculares, que podem levar a grandes hematomas.
  • Evitar o uso de medicamentos anti-inflamatórios não-hormonais, pois diminuem a capacidade das plaquetas lidarem com a coagulação, aumentando também o risco de sangramento.
  • Recomenda-se medidas dietéticas para melhorar o efeito do anticoagulante, mas tudo vai depender de cada caso.
  • A pior complicação do tratamento com anticoagulante é o sangramento, seja pelo paciente portar alguma doença com potencial hemorrágico elevado (como úlcera péptica ou doença diverticular), seja pelo descontrole da dose medicamentosa ou seja por alguma interação com outros medicamentos.
  • Lembre-se que, em casos de sangramento, recomenda-se suspender imediatamente a medicação anticoagulante e entrar em contato com o médico para acionar a emergência. Leve consigo a lista de medicações que esteja usando.
  • Alguns sinais de alerta são importantes para estar atento: hematomas na pele; sangramento urinário; sangramento na gengiva, fezes ou vômito, com sangue e desmaios.
  • Futuramente, se for fazer qualquer procedimento médico cirúrgico ou odontológico, oriente o profissional sobre você usar medicação anticoagulante.
  • É muito importante que o paciente com trombose venosa sempre ande acompanhado de um cartão, listando as medicações que utiliza, a fim de sinalizar alguém, quando necessário.

Cuidados pós-cirúrgicos para evitar a trombose venosa

É fundamental estar atento a alguns cuidados pós-cirúrgicos, para evitar complicações como a trombose venosa. O médico é quem realiza a cirurgia, mas não é o único responsável pelos cuidados com o paciente. O enfermeiro também acompanha todo o processo de recuperação do paciente, que também deve observar certas atitude da equipe de enfermagem. Conhecer mais sobre o seu estado pós-operatório e se atentar às minúcias da recuperação é uma tarefa também do paciente, à medida que isso for possível, obviamente.

  • Estar atento às queixas de hemoptise, dispneia e tosse;
  • verificar a presença de cianose;
  • medir a circunferência do membro afetado todos os dias;
  • observar as quedas de saturação de oxigênio;
  • verificar a perfusão do membro atingido;
  • insistir no repouso absoluto;
  • ajudar na colocação das meias elásticas medicinais de compressão;
  • alterar o local de aplicação da heparina subcutânea;
  • observar qualquer sinal de hemorragia;
  • aplicar pomadas antitrombóticas, nos hematomas, frequentemente;
  • acompanhar, todos os dias, os níveis de plaqueta no sangue e o possível risco de trombocitopenia;
  • caso ocorra a trompocitopenia, evitar punções arteriais, venosas e escovação dentária. É preciso diminuir o risco de sangramento, por isso a higiene bucal deve ser feita com água, bochecho e antisséptico;
  • utilizar a bomba de infusão sempre que o paciente estiver utilizando heparina endovenosa.

Meias de compressão

Para evitar sequelas, é fundamental o uso de meias elásticas e outros medicamentos à base de flebotônicos. As meias elásticas medicinais são importantes, pois reduzem o inchaço e facilitam o retorno venoso do sangue para o coração. Seu efeito é bastante eficaz, principalmente quando o paciente insiste em movimentar as pernas frequentemente. Recomenda-se ao paciente com trombose caminhar a cada duas horas, no mínimo.

As meias de compressão proporcionam alívio da dor e do inchaço excessivo decorrente da trombose venosa. Recomenda-se o uso das mesmas por, no mínimo, dois anos, após o diagnóstico da doença, atitude que beneficia muito a saúde, principalmente por diminuir o risco de desenvolver outro coágulo.

As meias elásticas medicinais vem com uma compressão de fábrica, expressa em mmHg (quase sempre de 10 a 50 mmHg) e sua durabilidade é de quatro a seis meses. Seu uso deve ser prescrito pelo seu médico, segundo medidas de diâmetro do tornozelo, panturrilha e coxa, além da altura da perna e coxa.

Durante a gravidez, é importante usar a meia elástica, pois o item proporciona conforto à paciente, diminuindo os supostos edemas e varizes. As alterações hormonais e compressão do útero nas veias abdominais, geralmente, pioram o quadro de quem já possui tendência a desenvolver varizes nos membros inferiores.

As meias elásticas medicinais devem ser colocadas pela manhã e retiradas ao fim do dia, não sendo aconselhado nunca dormir com elas. Muitas vezes, acabam sendo ignoradas pelos pacientes, pois são difíceis de colocar. Como o seu princípio é comprimir a perna em toda a sua extensão, geralmente, acabam trazendo incômodo. Hoje em dia já existem calçadeiras especiais que facilitam a colocação, no entanto, ainda recomenda-se que o paciente esteja com as unhas aparadas e calce, inicialmente, o pé com precisão, que depois o processo se facilita por si só.

As meias anti-embólicas, que são projetadas exatamente para evitar a trombose venosa em indivíduos que se encontram na posição horizontal por um longo período de tempo, já que a imobilização prolongada é um dos aconselhamentos pós-cirúrgicos. Elas evitam constrições dolorosas ou os chamados “edemas de janela”, muito frequentes sob bandagens mal colocadas.

O tamanho da meia é fundamental para os bons resultados. Uma meia grande demais não comprime as veias o suficiente e portanto, não previne a trombose. Uma meia apertada demais, em contrapartida, aumenta as complicações da trombose venosa. Também podem provocar constrições, as quais travam e param o fluxo venoso.

Prevenção

Para se manter uma boa circulação sanguínea, é fundamental realizar atividades físicas regularmente, movimentar os membros inferiores, diminuir a quantidade de sal no alimento e conservar um peso equilibrado. A ingestão de líquidos em grande quantidade é importantíssimo para prevenir a trombose, principalmente ao permanecer muito tempo expostas à baixa umidade relativa do ar. No caso de procedimentos cirúrgicos variados, aconselha-se o uso posterior de meias elásticas compressoras, para evitar a trombose venosa.

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