Por: Dra. Maria Betânia da Silva Barbosa Marinho Publicado em 09/06/2016 - Atualizado 31/01/2019
Uma coisa é fato: existe uma associação entre varizes e anticoncepcional. No entanto, dentre muitos mitos desenvolvidos nos consultórios, é possível que essa relação tenha se tornado um tanto equivocada. Vejamos então: qual é essa relação, exatamente?
Primeiramente, o anticoncepcional é um fator desencadeante das varizes em decorrência dos hormônios presentes em sua fórmula: o estrogênio e a progesterona. Cada um provoca um efeito nas estruturas envolvidas na circulação e no fluxo do sangue.
O estrogênio altera as paredes das veias e danifica as válvulas responsáveis pelo controle da passagem do sangue dentro delas. Por sua vez, a progesterona aumenta a dilatação das veias e o fluxo de sangue que passa por ali. Isso exige que os vasos trabalhem sob um regime de pressão acima do normal, o que pode resultar no aparecimento das varizes.
A pílula anticoncepcional é um medicamento, portanto, não deve ser usado sem prescrição médica e muito menos sem o acompanhamento do ginecologista. Por conter uma quantidade menor de hormônios, as pílulas de baixa dosagem exigem um controle maior da paciente.
Por isso, somente o especialista é capaz de dizer se a mulher poderá utilizá-la com segurança e qual tipo de pílula é mais indicada para cada caso. O ginecologista ou o cirurgião vascular podem, inclusive, solicitar a realização de exames que confirmem ou afastem a possibilidade de predisposição genética para doenças vasculares, antes de receitar o medicamento.
O cuidado é importante em qualquer idade. Contudo, mulheres com 35 anos ou mais devem ficar ainda mais atentas, pois fazem parte da idade de risco para desenvolver as varizes mais facilmente.
Dessa forma, sem exceção, qualquer mulher que sinta dor nas pernas, ardência ou incômodo com o aspecto das varizes nos membros inferiores devem procurar um cirurgião vascular para livrar-se do desconforto. Da mesma forma, os sintomas são importantes para prevenir supostas complicações.
Os médicos são unânimes em afirmar que os hormônios sintetizados e usados para inibir a ovulação podem causar varizes, principalmente em mulheres que já têm predisposição genética. No entanto, essa condição não significa que elas terão de deixar de usar a pílula como método contraceptivo.
É importante tirar todas as suas dúvidas sobre o método contraceptivo em consultório médico. Há casos em que o cirurgião vascular pode até recomendar a escolha de outros métodos para evitar a gravidez. Por isso, é possível continuar a fazer o uso da pílula, desde que sejam seguidas as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o uso do fármaco. Além disso, o acompanhamento médico deve ser constante.
Um cuidado ao qual as mulheres que têm varizes ou vasinhos, ou estão mais propensas a tê-los, precisam estar atentas é utilizar, preferencialmente, um medicamento que seja composto por progesterona. A atuação do hormônio sozinho interfere menos no sistema vascular do que quando combinado ao estrogênio. Os anticoncepcionais livres de estrogênio podem ser encontrados em via oral ou injetável.
Dessa forma, quando solicitado pelo médico, é possível ainda recorrer a outros métodos contraceptivos. Esses serão informados pelo ginecologista e dispostos para cada caso especificamente.
Para quem já possui o quadro de varizes, o anticoncepcional não será prescrito, por exemplo. No entanto, todos os riscos mínimos serão de imensa importância ao especialista na hora de indicar o método contraceptivo. Conheça alguns métodos contraceptivos alternativos à pílula anticoncepcional:
O Dispositivo Intrauterino (DIU) possui um formato de T e é revestido por um fio de cobre, que atua na prevenção da gravidez. Com eficácia de 99%, garante mais resultados do que o anticoncepcional em pílula e a camisinha.
Pode ser implantado pelo ginecologista ou obstetra, de maneira rápida e indolor, embora provoque certo incômodo suportável. É um método barato e à longo prazo, podendo ser mantido a cada 5 ou 10 anos, dependendo do caso. No entanto, não evitam Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), sendo indicado também o uso de preservativo.
O Sistema Intrauterino (SIU) é bastante parecido com o DIU, tanto no formato, quanto na maneira de inseri-lo. No entanto, o SIU é composto de progesterona e sua contracepção é muito eficaz, já que apenas 0,2% das mulheres engravidam nesse caso. Também pode ser usado como tratamento para a endometriose, afecção inflamatória que acomete o endométrio.
Esse é um método bastante inovador, que possui eficácia de 99% na prevenção da gravidez. O implante subcutâneo é um tubinho de silicone do tamanho de um chip, revestido de progesterona. É introduzido na pele da paciente, geralmente na região do braço, e requer anestesia local.
Caracterizado por uma espécie de copinho de silicone, o diafragma é introduzido na vagina algumas horas antes da penetração para melhor se fixar no canal vaginal, devendo ser usado com gel espermicida. Indicado para paciente que são alérgicas ao látex dos preservativos, o diafragma deve ser adquirido após um exame de medição do colo do útero a fim de direcionar o seu uso devido.
É um método sustentável, já que dura em média, três anos. No entanto, deve ser higienizado com água e sabonete líquido após o uso.
A clássica camisinha é o principal método anticoncepcional recorrido. Previne a gravidez em eficácia de 98%, podendo ser aumentada com o uso de gel espermicida e evitando a penetração durante o período fértil. Um método barato, seguro e extremamente viável, que pode ser adquirido em qualquer farmácia ou posto de gasolina em qualquer momento do dia ou da noite.
O preservativo deve ser utilizado mesmo por quem já faz uso de outro método, a fim de prevenir DSTs. Inclusive, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso da camisinha até para sexo oral, já que algumas doenças como HIV, Sífilis e Gonorreia podem ser transmitidas dessa maneira.
A tabelinha, também chamada de método rítmico, é baseada em um cálculo verificado a partir de um calendário, a fim de medir o período fértil. Assim, evita-se relações sexuais durante esse período, onde há a possibilidade de gestação. Funciona muito bem para mulheres com ciclos regulares, mas ainda assim, pode apresentar riscos à gravidez. Isso acontece pois o fato de esquecer uma anotação ou para mulheres que são férteis em outras épocas de seu ciclo, a eficácia do método é muito baixa.
Além da preocupação com as varizes, é necessário que as mulheres se atentem a casos ainda mais severos, como a trombose venosa. Essa doença pode estar diretamente relacionada ao uso da pílula, quando associada aos seus respectivos fatores de risco:
Ainda que a mulher obtenha um estilo de vida saudável, não tenha passado por nenhum período de repouso prolongado nem apresente qualquer fator de risco mencionado acima, é possível que ainda desenvolva um quadro de trombose.
Mesmo que não haja um caso de trombose na família, ainda é possível que a mulher traga uma predisposição genética que parte dela mesma. Ou seja, diante da junção dos genes da família, uma predisposição particular pode vir a se manifestar.
Alguns exames genéticos podem indicar essa predisposição à trombose. No entanto, são bastante caros e nem sempre de resultados totalmente confiáveis. Assim, vários pacientes apresentam resultados normais do exame genético e ainda apresentam eventos de trombose. Dessa maneira, o intuito maior desses testes é para determinar o uso de anticoagulante para pessoas que já tiveram trombose.
Os casos de varizes, quando agravados, podem estar relacionados à trombose venosa. Esteja atento caso surjam veias pequenas, seguidas de dor ou inchaço repentino na perna ou braços. Caso seja identificada em uma fase ainda precoce, a trombose não deixa sequelas.
No entanto, caso seja negligenciada ou demorada a ser tratada, a trombose pode evoluir para uma embolia pulmonar, o que caracteriza um quadro muito mais grave. É importante prestar atenção a algumas orientações sobre a trombose:
Essa união é uma verdadeira bomba-relógio prestes a explodir a qualquer momento. Isso acontece pelo fato desses dois estímulos elevarem o risco da trombose por dois motivos.
Primeiro o anticoncepcional que é composto por hormônios (estrogênio e progesterona) que favorecem a formação de coágulos e contribuem para que as paredes das veias fiquem ainda mais dilatadas. O cigarro, por sua vez, contém substâncias que são pró-coagulantes, o que agrava o risco de trombose.
A elevação das taxas hormonais durante o período gestacional é um fator de risco para a trombose, Além disso, o aumento da coagulação sanguínea em decorrência das reações químicas do organismo da gestante, que acontecem com o intuito de proteger o bebê da possibilidade de ser considerado como um corpo estranho, também podem desencadear a doença.
Outro fator desencadeante da trombose é que a barriga saliente da gestante comprime a veia cava, aquela responsável por transportar o sangue que parte das pernas em direção ao coração. Isso lentifica a circulação e é possível que o sangue se acumule nos membros inferiore.s. Nesse caso, os especialistas indicam meias de compressão, que estimulam o sangue a fluir naturalmente, a partir do segundo trimestre de gravidez.
Dependendo do vaso afetado, a paciente pode não perceber nenhuma alteração no organismo. No entanto, se a veia acometida for demasiadamente profunda, a pessoa logo notará desconfortos como dor, inchaço e sensação de peso nas pernas. É possível ainda que haja alteração na coloração da área afetada, podendo ficar vermelha ou arroxeada.
Adotar um estilo de vida mais saudável combatem os fatores de risco para a trombose. Atividades físicas regulares, alimentação balanceada e o não tabagismo, por exemplo, são medidas fundamentais. Frequentar regularmente o seu médico e verificar o histórico familiar é fundamental para evitar o quadro. Além disso, ao notar qualquer alteração nas veias, procure imediatamente um especialista.
Conheça alguns mitos e verdades sobre a varizes que são importantes de estar atento: