Por: Dr. Rodolpho Alves dos Reis - Cirurgião vascular - CRM/DF 13.263
Publicado em 05/04/2017 - Atualizado 31/01/2019
Dor nas pernas, inchaço, sensação de peso e cansaço são sintomas comuns de quem tem varizes e precisa tratá-las. Dependendo do caso, o cirurgião vascular indica uma das opções de tratamento, que inclui a cirurgia para varizes nas pernas.
O procedimento cirúrgico é recomendado quando as veias estão moderada ou acentuadamente dilatadas (possuem entre três e cinco milímetros, no mínimo). Geralmente, essas veias são tortuosas, facilmente percebidas sob a pele porque parecem estar em alto relevo, e não podem ser tratadas de outra forma. Esse tipo de variz é o que mais preocupa e precisa ser tratado o quanto antes para evitar complicações.
No procedimento, o cirurgião vascular pode, apenas, remover as varizes localizadas nas coxas e nas pernas da paciente. A retirada da veia safena só é necessária quando ela também estiver sem funcionar adequadamente. Nesse caso, a extração da veia é feita por intermédio de dois pequenos cortes: um na região da virilha e outro no tornozelo. O cirurgião vascular usa as aberturas para introduzir um fino cabo de aço que auxilia na retirada da veia.
Hoje, os médicos preferem utilizar um laser endovenoso para tratar a veia safena. Assim, não é preciso extrair o vaso. Somente é necessário fazer uma pequena perfuração na pele, com a ajuda de uma agulha, para que o médico introduza na veia uma fibra ótica com um laser na ponta. Ao ser liberada ao longo do vaso, a energia do laser provoca o fechamento da veia e promove o desaparecimento das varizes, tornando desnecessária a remoção da veia safena.
Mesmo que ela permaneça no corpo, o sangue não circula mais por ela, e sim pelos outros vasos. Essa inutilização da veia safena, principal veia da perna, pode ser feita de duas formas. Na primeira, a luz do laser é direcionada somente à frente, enquanto que na segunda, também há um direcionamento para os lados, de maneira que a aplicação ocorra uniformemente. Essa última é a mais utilizada atualmente.
A cirurgia para retirada da veia safena, conhecida como safenectomia, requer uma preparação da paciente antes da operação. O primeiro pré-requisito é a realização de exames pré-operatórios, que podem incluir uma avaliação de risco cirúrgico com um cardiologista.
Caso os exames demonstrem que a cirurgia para varizes nas pernas possa ser realizada, o procedimento é agendado pelo cirurgião vascular. Nessa hora, a paciente deve estar atenta para o local em que será feita a remoção da veia safena. O correto é que seja realizada em um hospital ou em uma clínica com a infraestrutura adequada para atender qualquer intercorrência que possa vir a ocorrer durante a cirurgia.
A internação não precisa ser feita com antecedência. Providenciá-la algumas horas antes do horário agendado para a operação é a conduta padrão. O tempo de permanência no hospital ou clínica após o procedimento é que pode variar. Conforme o porte da cirurgia e o método utilizado, a paciente pode ser liberada para se recuperar em casa no mesmo dia ou somente após 24 horas.
A identificação das veias a serem tratadas é feita pelo cirurgião vascular momentos antes da operação. O médico marca cada uma delas com uma caneta especial, para que as varizes se tornem mais aparentes e nenhuma seja esquecida no momento da cirurgia. Nesse processo, também podem ser usados aparelhos que emitem luz e ultrassom.
Após a chegada na sala de cirurgia, a paciente recebe a anestesia. Há três possibilidades:
É feita quando somente algumas veias colaterais serão extraídas e quando a safena é tratada com endolaser, na maioria dos casos.
A anestesia raquidiana é a mesma que as gestantes recebem no parto cesárea. Esse tipo de anestesia, assim como a geral, são administradas nos casos em que há várias veias para serem removidas ou quando é preciso retirar a veia safena.
Depois da anestesia, o médico inicia a cirurgia realizando pequenos cortes, próximo às marcações feitas anteriormente. Ele os usa como via de acesso às veias que serão removidas, com exceção da veia safena, que é extraída de outra maneira, quando necessário.
Dois utensílios são usados na retirada dos vasos. Um deles é semelhante a uma agulha de crochê. O outro é uma pinça, com a qual o cirurgião vascular conduz a veia para fora delicadamente, para evitar que ela se rompa no processo.
A ação é repetida com cada veia que precisa ser removida. A cirurgia é concluída quando todos os vasos são removidos.
A técnica é diferente quando é preciso fazer a extração da veia safena. Em pacientes cuja única solução é a remoção desse vaso, o médico inicia a operação com uma incisão na pele da virilha. O próximo passo é diferenciar a veia safena da veia femoral e desfazer as conexões com os sistemas venosos profundo e superficial. Um cuidado importante, nesse momento, é com a possibilidade de sangramento.
O cirurgião segue, então, com a realização do procedimento, efetuando um corte próximo ao pé ou perto do joelho, para localizar a veia safena na outra extremidade do corpo. E, por uma pequena abertura no vaso, é conduzido um fio grosso e comprido, chamado fleboextrator, até a virilha. Ele é amarrado à veia para levá-la para fora da perna, conforme o médico o puxa de volta, em uma das direções (da virilha ou do pé).
O acúmulo de sangue é controlado pela compressão. Só depois disso, a pele é suturada e são feitos os curativos com fita adesiva. A perna operada é enfaixada para prevenir um possível sangramento, evitar que o sangue se acumule e surjam hematomas. Aproximadamente um dia após a cirurgia os curativos são retirados.
Por um tempo, a paciente pode precisar tomar medicamentos para dor e anti-inflamatórios. O repouso deve ocorrer com as pernas para cima. É importante seguir as recomendações do cirurgião vascular e voltar a caminhar aos poucos. Em alguns casos, o uso de meias elásticas de compressão também é indicado após a cirurgia.
A cirurgia para varizes nas pernas é um procedimento seguro e resolutivo, desde que a paciente mantenha-se atenta aos cuidados pós-operatórios durante o processo de recuperação. O médico pode recomendar à paciente que permaneça um dia de repouso, com as pernas para cima, e use meias de compressão quando voltar a andar.
Portanto, quando for possível, é interessante planejar-se antes de realizar a cirurgia, já que, após fazê-la, a paciente terá de permanecer entre um e sete dias afastada das atividades rotineiras e necessitará de ajuda para executar algumas tarefas do dia a dia.
O ideal é não ter nenhum compromisso ou atividade de lazer agendados para o período de descanso pós-cirúrgico, pois é proibido expor a pele ao sol, ainda mais se ela estiver manchada. Também não é permitido depilar-se, massagear-se, entre outros tratamentos de beleza.
Após a cirurgia para varizes nas pernas, a mulher deve deixar alguns hábitos para trás, como tomar a pílula anticoncepcional como método contraceptivo. Em contrapartida, apesar do longo e cuidadoso período de recuperação, apenas um procedimento cirúrgico é necessário, desde que a paciente se cuide corretamente mesmo depois do período pós-cirúrgico.
Existem tratamentos para varizes que não exigem repouso, como as novas técnicas de laser, mas precisam ser indicados pelo especialista.
A cirurgia para varizes que utiliza o endolaser geralmente, é indicada para tratar os casos em que as veias safenas e perfurantes sofrem alterações no funcionamento por causa das varizes. A paciente que se submete a essa técnica recebe anestesia local e sedação leve, na maior parte das vezes.
Após realizar a cirurgia, é preciso repousar por apenas um dia. Não há formação de cicatrizes e a chance de haver sangramento é quase nula.
Já no tratamento para varizes com laser transdérmico, a paciente não necessita de nenhum repouso, com retorno imediato as suas atividades normais..
A recuperação é mais rápida, nesse caso, porque não é necessário perfurar a pele para aplicar o laser. Por esta razão, também, o procedimento é considerado minimamente invasivo.
A maneira como o laser aquece o sangue sobre a pele, para promover a contração da veia e o fechamento do vaso, é mais eficaz para eliminar telangiectasias e varizes consideradas de menor calibre.
Veias dilatadas com aspecto mais grosso não devem ser tratadas com laser transdérmico, pois o método é pouco resolutivo nessas situações. Ou seja, sua ação é insuficiente para fazer com que as veias dilatadas deixem de ser prejudiciais à circulação sanguínea.
As únicas pessoas para quem o uso de qualquer tipo de laser não é recomendado como opção de tratamento para as varizes são as mulheres grávidas, aquelas que tiveram trombose, em alguns casos, têm vitiligo ou precisam fazer uso de medicamentos fotossensibilizantes.
O cirurgião vascular pode sugerir para pacientes com alguma dessas limitações outros tratamentos para varizes, como os que usam espuma densa ou escleroterapia.
A maior causa das varizes está ligada à genética, um fator que não é mutável. Pessoas cujos pai e/ou ou mãe possuem varizes, têm maior propensão a também sofrer com a dilatação das veias.
As chances disso acontecer, porém, estão relacionadas, também, aos hábitos de vida. A adoção de um estilo de vida pouco recomendado facilita, e muito, o desenvolvimento das varizes. No entanto, sabendo quais são eles, é possível evitá-los:
Permanecer longos períodos em pé ou sentado, na mesma posição, sem movimentar as pernas, é uma das situações que mais favorece a formação das varizes. A circulação precisa que as pernas sejam movimentadas de forma que os músculos da panturrilha se contraiam, pois isso colaborar para o retorno do sangue dos membros inferiores para o coração.
O excesso de peso é prejudicial porque exerce muita pressão sobre os vasos por onde circula o sangue. Dessa forma, é exigido um esforço maior das veias para a condução do sangue. Isso pode danificá-las, a ponto de impedi-las de exercer o seu trabalho corretamente.
As alterações hormonais são um problema que afeta mais as mulheres. O nível de hormônios, como o estrogênio, acima do normal pode danificarr a estrutura das veias e, consequentemente, comprometer o bom funcionamento da circulação sanguínea.
Os avanços tecnológicos têm facilitado o diagnóstico das varizes. Exames de imagem, como o ultrassom com doppler, por exemplo, que emite ondas de ultrassom e permite ver as imagens das veias e avaliar se o fluxo sanguíneo está normal, é um dos mais utilizados para confirmar a existência das varizes.
Junto com o exame clínico, os exames de imagem são duas das maneiras de o cirurgião vascular avaliar a existência e realizar o mapeamento preciso das veias varicosas. Pela observação e a análise dos exames é que o médico consegue obter as informações necessárias para definir o método que será usado no tratamento de cada caso.
O que o cirurgião vascular observa é se o sangue que chega às pernas por intermédio das artérias está retornando ao coração, por meio das veias, da forma como deveria. Equipamentos de realidade aumentada possibilitam a visualização das veias dentro da pele e permitem essa observação de maneira mais precisa.
Em geral, o exame não é invasivo, é fácil de ser realizado e não possui contraindicações. Além disso, possibilita a visualização das veias que não se evidenciam a olho nu.
Uma das análises que é feita é se as válvulas, que funcionam como uma espécie de comporta do sangue, estão exercendo sua função como o esperado.
Em síntese, quando o sangue quer passar pelo vaso para chegar ao coração, as válvulas se abrem. Logo após a passagem, elas se fecham, em uma tentativa de evitar o refluxo sanguíneo. Porém, quando as válvulas, por algum motivo, não conseguem trabalhar adequadamente, esse refluxo é quase inevitável.
Há situações em que, a partir dos exames, o cirurgião vascular consegue identificar causas secundárias de formação de varizes e agir para reduzir o retorno da doença varicosa.
Os sintomas que denunciam que as veias estão sofrendo com a dilatação são a sensação de dor, percebida, algumas vezes, quando se toca a região afetada, e as sensações de peso e inchaço.
Ir ao médico quando qualquer um desses sintomas se manifestam, mesmo que se considere que é muito cedo para haver queixa em relação a varizes, é determinante para evitar a evolução do quadro.
Material escrito por: Dr. Rodolpho Alves dos Reis
Cirurgião vascular - CRM/DF 13.263
Formado em medicina pela Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, é especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular periférica, atua no atendimento de pacientes com patologias vasculares diversas. Dedica-se ao tratamento de varizes com laser, aplicações de espuma ecoguiada e ecografia vascular.
Diretor Técnico Médico:
Dr. Marco Edoardo Bezerra de Melo CRM/DF: 10.711